REDENÇÃO




Hoje em dia, qualquer olhadela de um treinador para o céu faz o torcedor se indagar se o sujeito está mesmo conversando com o Homem, tamanha a importância que eles ganharam no futebol moderno. O time venceu, nó tático; perdeu, troca o comando. Assim como são facilmente endeusados, pagam por muito tempo por algum trabalho ruim. Nessa ciranda, não raro assistimos a voltas por cima como as de alguns treinadores neste ano.

Aqui no Patropi, Luxemburgo e Joel Santana se reencontraram com os títulos no primeiro semestre. O primeiro, também conhecido como “profexor”, parecia há tempos mais dedicado aos seus negócios do que ao futebol. Mas, verdade seja dita, o time do Atlético é outro com ele. Ricardinho e Júnior deixaram a fila do INSS e voltaram a jogar bem, Fabiano e Leandro aproveitaram a nova chance que receberam e o jogo ofensivo e vistoso do treinador começa a dar o ar de sua graça. Além de encarar com coragem o festejado Santos, Luxemburgo levou o Mineiro, competição já acostumada com os passeios do Cruzeiro.

A prancheta de Joel virou artigo de luxo no mercado depois de ressuscitar o Botafogo. O mesmo Joel que foi defenestrado do cargo de coach da África do Sul e que não conseguiu realizar o sonho de participar de uma Copa do Mundo. Ciente das deficiências do medíocre Botafogo, disse “yesse” ao desafio e, com largas doses de realismo, soube aproveitar as poucas qualidades da equipe: a bola aérea, a garra dos gringos e a obediência tática dos jogadores. Também campeão estadual, rejeitou um convite do Flamengo e mostrou que pode, sim, com seu jeitão bonachão, liderar equipes vencedoras.

Na Europa, Ancelotti, Mourinho, Van Gaal e McLaren são agora admirados, com os bons resultados, mas passaram por maus bocados. Ok, como Luxemburgo, Ancelotti e Mourinho sempre estiveram no grande escalão do esporte, mas dizer que eles estavam em alta é falta de memória. Implicavam com o “retranqueiro” Ancelotti no Milan como com o decepcionante Mourinho da Inter, que não fazia nada diferente do que Mancini, com muito mais dinheiro. Até o Chelsea mostrar sua ofensividade avassaladora e a Inter chegar a três decisões. Sofriam também o ultrapassado antibrasileiros Van Gaal (ora finalista da Champions, da Copa da Alemanha e campeão Alemão) e o sortudo incompetente McLaren, que comemora hoje o primeiro título holandês do Twente.

Não seria assim a vida também? Claro, acertamos algumas vezes no alvo, em outras passamos longe. Mas não nos candidatamos ao Olimpo quando estamos bem e, se a época não é das melhores, não precisamos nos refugiar em casa. Nos identificamos nos astros (hoje talvez os técnicos sejam os maiores no futebol) e, cientes ou não, nos divertimos com a vida cíclica de altos e baixos de egos inflados que se supõem acima de nossas risadas sarcásticas. Para não esquecer: é sempre saudável assistir aos grandes em forma; não seguramos nossas línguas quando nos achamos melhores do que eles, mas sabemos admirar seus feitos.

1 Response to REDENÇÃO

Filipe Abreu
3 de maio de 2010 às 20:22

O sobe e desce da vida do profissional do futebol é realmente impressionante. Ronaldinho Gaúcho é outro exemplo.

E o profexô vai vencer tudo esse ano.

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