CARA-DE-PAU




Algumas publicações da imprensa brasileira perderam o senso de ridículo já há muito, no entanto, a Caros Amigos passou dos limites. Nunca havia visto tanta desfaçatez em apenas uma edição. E olha que nos últimos tempos figuras como Protógenez e De Sanctis encheram os noticiários de tolices e alimentaram as maiores bestas jornalísticas. Enfim, vamos ao caso.

A edição de abril da Caros Amigos traz na capa uma foto da manifestação contra o termo "ditabranda" utilizado em editorial da Folha, com os seguintes dizeres: "'Ditabranda' nunca mais". No miolo da revista, críticas contundentes contra o ato irresponsável do jornal paulista de minimizar um dos momentos negros de nossa história (no entender da publicação). Bem, até aí, apenas pensei comigo: "Idiotice, não foi nada disso, mas eles podem ter as opiniões deles". O que me causou espanto foi me deparar com um artigo assinado por nada mais nada menos que Fidel Castro, um dos maiores ditadores da história, na mesma revista, no mesmo volume, comentando sobre a crise do capitalismo.

Só pude rir. Afirmam que a Folha não merece ser lida, por seus jornalistas responsáveis pelo editorial pensarem que o regime arbitrário brasileiro foi mais brando que os outros de nosso continente (e não foi?), mas cantam as glórias da democracia com um humanista como Fidel. Faça-me o favor! Achei que o caso "ditabranda" tinha parado na estupidez de Comparato e Benevides, outros que tremem só de pensar na ditadura brasileira e se emocionam ao lembrar da ilha-prisão.

Não vai demorar para estamparem uma capa contra o racismo com um reflexão de Hitler no meio da revista. Ou uma homenagem a Getúlio Vargas com alguma coluna de Carlos Lacerda. Se bem que basta a Marilene Felinto para sintetizar a boçalidade da revista.