RATOS DE LABORATÓRIO





O quadro geral do esporte de alto rendimento é preocupante e desanimador. Os atletas-máquinas atuais são fabricados com prazo de validade e logo são expostos ao ridículo. Não é mais possível disputar os primeiros lugares sem a ajuda de remédios, substâncias estimuladoras e muito sacrifício – mesmo que acompanhados de pouco talento.

Basta uma visita a qualquer centro de treinamento da natação, do futebol e do basquete, por exemplo, para verificar que nenhum atleta passa um dia longe de suas embalagens de suplemento alimentar e de uma equipe enorme de cientistas malucos (fisiologistas, fisioterapeutas, preparadores físicos etc.), indispensáveis para as mais humildes pretensões no esporte moderno. A lavagem cerebral é feita por frases de efeito, como “Não é possível vencer sem dor” e “Você tem que estar disposto a tudo, se quer alcançar os seus objetivos”. Misturam sem dó nem piedade os sentimentos mais nobres do ser humano com o tecnicismo da vitória a qualquer preço.

O resultado são coisas mais chegadas ao Robocop do que ao homem. Esportistas que transitam sem limites entre o real e o fantástico, capazes das mais diversas proezas em um curto espaço de tempo. Quem não se lembra de Ronaldinho Gaúcho, no futebol, de Roger Federer, no tênis, e de Ian Thorpe, na natação? Aptos, mas bombardeados pela medicina esportiva, reinaram por alguns anos e hoje, ainda novos, estão em um claro declínio na carreira (com exceção de Torpe, que nem em queda está, pois já se aposentou, cercado por denúncias de dopping).

Os problemas causados pelos anabolizantes e pelos treinos desproporcionais com o corpo humano arrastam-se por toda a vida, estando os atletas em atividade ou não. O tempo sempre aparece para cobrar de quem quis passar de seus limites. Especula-se se Ronaldo conseguirá levantar do sofá aos 50 anos, Romário ficou manco, não se sabe a longevidade da carreira de Rafael Nadal, por ele ter apenas 22 anos de idade e sofrer de lesões crônicas.

Com tudo isso, a coroa está cada ano em uma mão. No futebol, de Ronaldinho passou para Kaká, dele para Cristiano Ronaldo, de Cristiano para Messi, e assim deve seguir sua peregrinação. Gasta-se milhões de euros em atletas por ano. Depois de usá-los, basta dobrar a embalagem e guardá-los. Os mutantes ainda vão dominar o mundo!