PROFESSORES




Depois de ser muito questionado, passar por maus bocados tanto com a imprensa quanto com os torcedores, Dunga goza hoje de um momento raro na vida de qualquer técnico à frente da Seleção: uma tranquilidade pastoril paira sobre a Granja Comary. E aí está o problema. Erros que podem custar o mundial estão sendo encobertos pelos bons resultados.

O Brasil, com méritos, conquistou a Copa América e a das Confederações, fez uma grande Eliminatória e venceu a grande maioria dos amistosos disputados. Alguma semelhança com a equipe de Parreira? Pois é. Professor Parreira, respaldado pelo seu histórico, deu de ombros aos questionamentos da imprensa quanto a jogadores como Roberto Carlos, Cafu, Emerson, Ronaldo e Adriano e arrumou as malas de volta para casa precocemente, após ser eliminado nas quartas-de-final. Dunga, sempre apontando o dedo para as estatísticas da Seleção sob o seu comando, também se sente no direito de “fechar” com atletas como Doni, Felipe Melo, Gilberto Silva e Josué. Tomara que o Brasil não precise de nenhum deles para levantar a taça!

Outra crítica comum aos dois escretes é a falta de opções táticas testadas para eventualidades. Quando a Seleção precisou mudar contra a França em 2006, não conseguiu. Juninho não preencheu o meio-de-campo, Ronaldo não foi municiado por todos os lados e o Brasil não encurtou o espaço dos veteranos franceses. O time nunca havia feito isso, por que em um jogo eliminatório de Copa do Mundo iria conseguir? Foquemos na equipe de Dunga. Sem Ronaldinho, sem Pato, sem outro grande talento no banco, o que de diferente do já apresentado a Seleção pode mostrar? No máximo pode recorrer à retranca da Copa América se as coisas não andarem bem. Tomara que o Brasil não precise de variações táticas para levantar a taça!

E o estudo detalhado dos adversários? Dunga dizendo que o Chile joga com duas linhas de quatro (a resposta automática dos treinadores quando não sabem em que esquema jogam os rivais) soa tão ridículo quanto Zagallo se dizendo surpreso com a atuação do número quatro da República Tcheca, um tal de Nedved. O mesmo Dunga que achou que passaria por cima quando quisesse de seleções como a Bolívia e a Colômbia, mas que esbarrou no sistema defensivo de ambas. Tomara que o Brasil não precise conhecer a tática adversária para levantar a taça!

O que não resta dúvida é que Dunga nasceu mesmo virado para a Lua. Diferentemente de Parreira, professor do gaúcho e muito mais experiente do que ele, Dunga disputará uma Copa em solo neutro, a África, e não na tradicionalíssima Alemanha, como seu antecessor. Seus concorrentes de sempre, Itália, França, Argentina e a própria Alemanha, não se encontram no melhor de sua forma, deixando, teoricamente, na mão de seleções com menos lastro como Espanha e Inglaterra a inglória tarefa de desbancar os pentacampeões mundiais. Corolário: o Brasil é mesmo o favorito para a Copa! Mas, historicamente, a tranquilidade inatacável costuma ser sinal de maus presságios.

1 Response to PROFESSORES

8 de abril de 2010 às 21:15

Bem lembrado, Bernardo. Vamos ver o que vai dar...

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