TREINADOR?


Praticando o melhor futebol entre as seleções mundiais há quatro anos, a Espanha finalmente ergueu a taça dourada em 2010. Uma Copa na África, com direito a um Uruguai das cinzas para as semifinais, um sub-23 germânico no terceiro posto, um jogo épico com pênalti perdido no último minuto da prorrogação e um campeão inédito. Ufa! Dentro desse mês, digamos, informal, outra discussão se impõem: o Barcespanha precisa de técnico?

Como todos os analistas já se cansaram de dizer, sete jogadores do time titular da Espanha são do Barcelona (ok, Villa até agora só usou a camisa grená para uma sessão de fotos). O toque de bola é do Barcelona. A frieza é do Barcelona. A marcação pressão é do Barcelona. O curioso é que, somando os treinadores da Fúria e do Barça dos últimos cinco anos, temos quatro figuras distintas. O jogo é que continua o mesmo.

Frank Rijkaard foi o primeiro a obter sucesso com a geração de Xavi e Iniesta distribuída em campo ora num 4-2-3-1 ora num 4-3-3. Em 2006, Ronaldinho comandava o time campeão Espanhol e da Champions League, cercado por baixinhos habilidosos e de grande movimentação. Depois de alcançada a glória e um desgaste natural, Deco, Van Bronckhorst e até mesmo Ronaldinho e Rijkaard perderam prestígio e cederam o posto a figuras como Busquets, Henry, Ibrahimovic e Guardiola.

Enquanto Pep Guardiola aguardava ansioso a sua estreia em 2008, a Espanha batia a Alemanha por 1 a 0 e levava o título europeu, comandada por Aragonés. A base do time já era a de Casillas, Puyol, Sergio Ramos, Xabi Alonso, Xavi, Iniesta, Villa, Torres e alguns Marcos Sennas e Capdevilas aqui e ali. E o estilo de jogo também já encantava com suas trocas de passe intermináveis e a ocupação de espaço quase perfeita praticada. Aragonés, com a sensação de dever cumprido e, desconfio, achando que o time tinha dado o que tinha que dar, foi-se para a Turquia e Del Bosque tocou o barco com praticamente o mesmo time e a mesma frequência de vitórias e espetáculos.

Depois da Eurocopa, foi a vez de Guardiola mostrar que era capaz de não atrapalhar um time talentoso e vencedor. Nada de “agora temos que jogar com três volantes e nos contra-ataques, já que o time de Ronaldinho e cia. não rendeu na última temporada”. Dunga e Jorginho bem que poderiam ter passado por lá... Enfim, com praticamente o mesmo esquema de jogo, com algumas substituições naturais de jogadores, o Barcelona decolou novamente e voltou a passear sob o carro de bombeiros na Catalunha. Estranho? É bom ser mais explosivo, como Aragonés, ou centrado, como Del Bosque?

Parece claro que o melhor é saber que, sentado no banco de reservas ou esperneando à beira do gramado, quem resolve as partidas são os jogadores. Não se levar tão a sério faz bem, não só no esporte. Óbvio que um bom técnico ajuda, contribui muito para um time vencedor. Mas nem o mais reconhecido dos treinadores tem o direito de castrar uma equipe reconhecidamente vitoriosa para impor o seu estilo, seja ele de quartel ou de tia solteirona.

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