ARTE

Se em Luzes da Ribalta Charles Chaplin conseguiu voltar as atenções do mundo moderno para o cotidiano e as frustrações de artistas das artes cênicas, Leoncavallo o fez mais de meio século antes, com sua ópera I Pagliacci, em Milão. Uma de suas árias, Vesti la Giubba, tornou-se um clássico mundial, passando pelas potentes vozes de nomes como Caruso e Pavarotti. Nada muito inventiva, mas de uma sensibilidade avassaladora, uma espécie de transformação em palavras da maquiagem borrada e evanescente de qualquer palhaço soturno em seu camarim.
A idéia do palhaço que deve rir, aconteça o que acontecer, e divertir, em alguns momentos no verdadeiro sentido da palavra interpretação, nos remete a questões existenciais que fariam Sartre e Camus se passarem por frívolos. O velho clichê do artista envolvido pelo álcool, mulheres e jogos de azar que deve se esquecer do mundo por alguns instantes, pelo menos enquanto houver luz sobre o palco.
Sem mais filosofia barata, abaixo uma interpretação de Pavarotti para Vesti la Giubba, seguida pela tradução da ária.



Atuar!
Enquanto estou preso pelo delírio
Não sei mais o que digo
E o que faço
Embora seja preciso
Que se esforce
Bah!Por acaso és um homem?
Há!Tu és Palhaço
Vista a fantasia,e pinte a cara
As pessoas pagam,e querem rir
Mas se Arlequim te rouba a Colombina,
Ri,Palhaço,e todos aplaudirão.
Transformas em pantomimas o riso
E o pranto
Em uma metamorfose,o soluço e a dor
Ri,Palhaço
Sobre o teu amor destroçado
Ri da dor que te envenena o coração.

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